Quem se beneficia da alta de juros?

Perguntado por: omoreira . Última atualização: 2 de maio de 2023
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Há dois setores que se beneficiam da alta dos juros e podem se tornar opções interessantes para o investidor de ações que quer driblar o aperto monetário: os bancos e a seguradoras.

Mas quais devem ser os setores mais beneficiados com a queda dos juros? Em relatório, a XP apontou que durante os ciclos de corte de juros no passado, os setores cíclicos, como Papel & Celulose, Mineração & Siderurgia, Varejo, Transportes e Bens de Capital, tendem a ter um desempenho melhor do que o resto do mercado.

No mercado de ações, investidores começam a voltar as atenções para aqueles papéis que apanharam desde 2021, quando o Banco Central iniciou o aperto monetário. Small caps, além de setores ligados à economia doméstica como varejo, construção civil e shoppings, devem ser os maiores beneficiados.

Ações que se beneficiam da alta da inflação

  • Conseguem repassar a alta de preços, como empresas do setor de Varejo;
  • Podem se beneficiar de um consequente ciclo de alta de juros, como os Bancos;
  • Têm expansão de margem com a subida de preços, por terem contratos indexados à inflação, como Shoppings.

“A queda na taxa de juros permite que os bancos consigam emprestar mais recursos. Além disso, com uma melhora na economia, a inadimplência tende a cair, ampliando a rentabilidade das instituições financeiras”, diz Sergio Biz, analista do GuiaInvest.

“Com a Selic alta, as empresas são desestimuladas a investir em novos projetos, o que pode afetar o crescimento econômico do país. Além disso, a alta dos juros pode encarecer o crédito e dificultar o acesso ao financiamento para as pessoas e empresas.

As taxas de juros menores estimulam o crédito e o consumo, que, por sua vez, estimula a economia. Assim, a Selic é uma forma de o governo manejar a inflação no país. Com a Selic alta há menos crédito no mercado, menos dinheiro circulando e a procura por produtos e serviços é menor.

A maior taxa Selic da história foi registrada em 1989, período em que a economia brasileira sofria com a hiperinflação. Em 2 de fevereiro daquele ano, o índice apurado foi de 3,626% no dia. A maior Selic acumulada em 12 meses foi registrada em 26 de dezembro do mesmo ano, quando a taxa composta atingiu 115.334,03%.

No relativo, os investidores estão mais otimistas com setores mais sensíveis às taxas de juros, como Imobiliário e Transporte, além de Utilidade Pública (como energia e saneamento). Da mesma forma, fatores mais arriscados, como alto Momentum, alto Crescimento e Small Caps são os preferidos entre os participantes.

Setor de bens de consumo: Com juros mais baixos, o crédito ao consumidor tende a ficar mais barato, estimulando o consumo e impulsionando empresas do setor de varejo, bens de consumo e serviços. A redução da taxa Selic pode favorecer o aumento das vendas e a melhoria do desempenho financeiro dessas empresas.

Com Selic em queda, FIIs de tijolo são mais atrativos
A explicação, segundo o especialista, é que fundos de papel têm uma carteira atrelada ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que tem taxa próxima à taxa Selic – logo, se os juros básicos caem, a remuneração atrelada ao CDI também recua.

Aumentar a Selic causa uma desaceleração da economia, o que impede que a inflação fique muito alta; Baixar a Selic causa um estímulo ao consumo que aquece a economia, aumentando a inflação quando ela está abaixo da meta.

De modo simplificado, a Selic afeta o custo do dinheiro no país. Isto é, quando a taxa sobe, o crédito para as empresas investirem e as famílias consumirem fica mais caro. Com isso, a atividade econômica esfria, ajudando a conter a inflação, o que evita a corrosão do poder de compra da moeda.

A tendência de alta de juros em economias desenvolvidas
Segundo especialistas, parte da pressão na taxa brasileira vem de questões externas – a principal delas, apontam, é o aumento dos juros básicos por parte de economias desenvolvidas.

Quais empresas ganham com a alta da inflação
Outras companhias que podem ter uma certa vantagem do aumento de preços, na visão do head, são as concessionárias em rodovias, como CCR (CCRO3) e EcoRodovias (ECOR3), que também conseguem repassar a inflação em seu preço final.

O aumento da inflação é positivo para o governo, desde que ele consiga mantê-la dentro da meta estabelecida. A meta da inflação é parte da política monetária, através da qual o governo busca garantir o crescimento da economia dentro de padrões sustentáveis e que não prejudiquem o poder de compra da população.

Uma boa alternativa para se proteger e fazer o dinheiro render mais do que a inflação são os títulos públicos do Tesouro Direto atrelados ao IPCA. Apesar de ser um investimento de Renda Fixa, eles vão render a variação da inflação no período investido mais uma taxa de juros conhecida no momento da aplicação.

A chefe de economia da Rico acrescenta que a Selic também guarda relação com o poder de compra das pessoas. Por um lado, uma taxa de juros mais alta torna o crédito mais caro, inibindo a contratação de crédito nos bancos, mas, ao mesmo tempo, reduz a inflação e estimula o consumo.

Entre os meses de outubro de 2012 até abril de 2013, a Selic foi mantida em 7,25% ao ano, que era até então tido como o menor nível da história.

Na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) nesta semana, a expectativa majoritária do mercado indica que a taxa Selic deve permanecer inalterada no patamar de 13,75% ao ano pela sétima vez seguida. A taxa básica de juros se encontra no nível atual desde setembro de 2022.

A taxa Selic é usada como referência para os demais juros praticados no mercado, como de financiamentos, empréstimos e linhas de crédito. Logo, quanto mais alta está a taxa básica, mais fica caro o endividamento no país. Isso afeta tanto quem quer comprar bens quanto empresas que querem expandir os negócios.